Bambu Alastrante

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Marcos Vagalume

Publicação original na coluna Fala Vagalume! publicada pela BambuSC

Fala Vagalume! - BambuSC

Olá bambuzeiros!

Hoje vamos falar sobre um assunto polêmico….
plantar ou não plantar bambu alastrante???

Entre as muitas espécies de bambu que existem, um grande grupo se destaca dos demais, são os alastrantes.

Os bambus alastrantes são originários de regiões de clima frio do continente asiático e são amplamente utilizados na China, Japão e Coreia, substituindo a madeira em inúmeras finalidades. Alguns bambus deste grupo são procurados por serem de grande porte, retilíneos e terem alta produtividade, além de seus
brotos serem comestíveis.

Cana da Índia (Phyllostachys aurea), Mosso (Phyllostachys pubescens) e Madake (Phyllostachys bambusoides) são os bambus alastrantes mais conhecidos por aqui.

Os bambus alastrantes podem lançar seu rizoma a grandes distâncias. Estudos mostram que em algumas espécies os rizomas podem “caminhar” até 10 metros por ano em todas as direções.

E é exatamente isso que faz com que os bambus alastrantes sejam considerados invasivos e apresentem risco real a propriedades, cultivos e biomas próximos.
Como permacultor, sempre evitei plantar bambu alastrante e sempre alertei para os riscos do seu plantio durante minhas palestras e conversas com bambuzeiros.

Como o Sitio Vagalume fica na Serra Catarinense, de clima temperado com ocorrência constante de geadas e até de neve, esse tipo de bambu seria o mais indicado para um plantio comercial. Mas o risco ambiental sempre me deixou na defensiva e por isso escolhi plantar espécies entouceirantes que suportam o frio intenso, como o Bambusa oldhamii.
Até o dia em que fui convidado pelo governo chinês a participar de um curso no CBRC (China Bamboo Research Centre) em Hangzhou, China.

Lá estudamos mais a fundo os bambus alastrantes e principalmente técnicas para contenção dos rizomas. Visitamos centros de pesquisa e também plantios comerciais onde pudemos constatar que o plantio adequado e o manejo cuidadoso permitem o cultivo de espécies alastrantes com segurança e alto rendimento.

Os métodos de contenção começam pelo planejamento do plantio, de preferência em áreas onde existem barreiras naturais como ilhas, rios e estradas.
Barreiras físicas podem ser usadas, principalmente em jardins e áreas pequenas com vizinhos próximos. Como os rizomas ficam de 20 a 40cm de profundidade, uma barreira de 50cm, seja de concreto, lâmina metálica ou separador plástico resolvem o problema. Em áreas maiores é recomendado o uso de valas de divisa, colocadas nos extremos da área de plantio, com aproximadamente 50cm de largura por 50cm de profundidade, nunca menos. Os rizomas não conseguem superar o espaço vazio! Veja nas imagens exemplos de plantios de espécies alastrantes e também exemplos de contenção.